O manejo nutricional de um rebanho vai muito mais
além do que a simples formulação de dietas. Apesar de essencial, a formulação
de dietas bem balanceadas, utilizando alimentos volumosos e concentrados de boa
qualidade, é apenas o primeiro passo para uma infinidade de outros
procedimentos necessários para o sucesso de um manejo nutricional. Em rebanhos
leiteiros, essa realidade não se faz diferente.
O médico veterinário Arlindo Pacheco Junior disse
que não existe momento ou época ideal para suplementar o gado leiteiro. O ideal
é dar condições para que as vacas expressem todo o seu potencial para produzir
cada vez mais. Sem que haja restrições nutricionais. “O manejo de vacas
leiteiras nas três últimas semanas pré-parto, têm grande impacto na produção,
reprodução e saúde da mãe durante a futura lactação”. O doutor explica que
vacas que parem magras, com condições corporais abaixo de 3,5, não possuem
reservas de energia suficientes para apresentarem pico de lactação alto. “Vacas
que parem com excesso de condição corporal, especialmente com escore acima de
4,0 são mais propensas a apresentarem distúrbios metabólicos após o parto,
baixa produção de leite e perda excessiva de condição corporal”, ressalta.
Dessa forma, para que o animal apresente a produção esperada, além de receber
dieta balanceada, é necessário que a vaca atinja o consumo adequado. Ele
comenta que caso o consumo esteja abaixo do exigido, a produção esperada de
leite só será atingida à custa do uso de reservas corporais.
São inúmeros os fatores relacionados à ingestão
desses alimentos pelos animais que estão diretamente relacionados ao manejo
diário da propriedade. Tais como:
- Manejo pré-parto;
- Condições corporais ao parto;
- Qualidade da forragem;
- Manejo da silagem;
- Disponibilidade de água de boa qualidade;
- Problemas sanitários (doença nos cascos);
- Manejo de cocho (limpeza, área por animal, disponibilidade de alimento);
- Horário de alimentação (parcelamento do fornecimento);
- Separação de vacas primíparas de segunda lactação ou mais;
- Uso de rações completas;
- Número e horários de ordenha;
- Bem-estar animal (visando reduzir o nível de estresse)
Tratando-se de custo/benefício, Pacheco destaca que
o objetivo principal de um sistema sustentável de produção de leite deve ser
procedido assim: maximizar a receita e subtrair os custos com alimentação. “É
fato dizer que a alimentação representa grande parte dos custos de produção.
Dentro desses parâmetros estão sinônimos relacionados à de eficiência
econômica”. O doutor enfatiza que é possível obter rentabilidade elevada
produzindo a custos maiores, desde que estes custos resultem em maior
rentabilidade do sistema. “Esse é o conceito que sustenta a viabilidade da
suplementação com concentrados”.
Em
relação ao fornecimento dos alimentos concentrados, Pacheco aconselha que o
mesmo deva ser administrado após a ordenha. De forma a evitar a contaminação
dos tetos, pois o animal é obrigado a permanecer em pé. Permitindo assim
o fechamento do esfíncter do teto. “A utilização correta do concentrado é
instrumento potente para aumentar a produtividade do sistema, devido ao impacto
na produção individual da vaca e ao aumento na lotação da pastagem e
conseqüente aumento na produção de leite por área”, destaca.
É importante lembrar que as vacas apresentam
requerimentos nutricionais distintos nos diferentes estágios de lactação. Por
isso, em muitos rebanhos as dietas fornecidas são diversificadas. “Nas
primeiras semanas em lactação, as vacas geralmente não respondem a dietas com
mais de 5% de extrato etéreo, mas são beneficiadas pelo uso de uma dieta com
maior concentração protéica. Neste período do início da lactação, vacas de
leite estão mais sujeitas a distúrbios digestivos”. Dessa forma, é
aconselhável que o produtor forneça dietas com teor maior de FDN. No entanto,
dietas com alto teor de FDN e baixa concentração de gordura não suportam altos
níveis de produção de leite. O doutor aconselha o fornecimento de mais de uma
dieta para grupos em lactação.
O doutor ressalta que a suplementação além de
essencial é viável no que diz respeito à maximização da produção. Ele recomenda
que o manejo nutricional deva ser procedido de forma correta. “Atualmente,
existem inúmeras tecnologias simples e eficientes. O produtor deve abandonar a
idéia passada relacionado ao extrativismo e adotar essas novas metodologias de
produção mais modernas e viáveis. O que de fato irá contribuir positivamente na
eficiência e na viabilidade econômica do sistema”, conclui.
Matéria publicada pelo site Fort Sal e adaptada
pelo Blog da Indústria